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TERROR NA ÓPERA

  Se você curte cinema de horror, tem menos de trinta anos e finalmente se tocou de que a maioria dos filmes de fantasia negra feitos para a sua geração são tão "empolgantes" quanto novela das seis e possuem tanta inteligência quanto os zumbis de The Walking Dead não precisa tentar cortar os pulsos de vergonha por ter apreciado e ter sido enganado por tanta merda.
 A saída para a sua redenção meu filho/filha é simples e está logo ali, nos filmes de terror de um passado, por vezes, nem tão distante assim.
 Eu poderia ficar horas desfiando exemplos de épocas e subgêneros de produções de horror que foram---e ainda são--- realmente relevantes para o cinema macabro, contudo, prefiro ir direto ao ponto e comentar sobre uma obra que sintetiza o que de melhor foi realizado no gênero até então ao mesmo tempo em que cria novas tendências que influenciariam o cinema fantástico.
 Trata-se de de Terror na Ópera (Opera, Itália, 1987) de Dario Argento,  um sofisticadíssimo giallo com um visual tão apurado que neste quesito só encontra paralelos com a trilogia The Evil Dead de Sam Raimi e Arizona Nunca Mais dos Coen Brothers.

 O enredo não poderia ser mais giallo: em Roma, durante uma luxuosa encenação de Macbeth, a protagonista da peça, Beth, (Cristina Marsillach) sofre horrores inimagináveis nas mãos de um, aparentemente, invencível e imprevisível assassino serial sádico até o talo.
 Mas aqui o roteiro importa menos do que a maneira como este foi filmado.
 Rasantes de travellings ultravelozes, imagens que mostram os pontos de vista dos mais variados personagens---humanos e animais---ângulos oblíquos, cores saturadas e alucinógenas, enquadramentos inacreditavelmente absurdos e movimentos de câmera tão tortuosos e diagonais que se tem a impressão que as filmadoras utilizadas para captarem as sinuosas imagens do longa de Argento vão se quebrar a qualquer instante.
 Toda essa audácia técnica de Terror na Ópera tem como unica finalidade multiplicar até o limite do insuportável as cenas de gore absoluto e tensão pérfida do filme. Proporcionando ao espectador a sensação de estar em uma montanha-russa de asco e pavor onde cada movimento estonteante da câmera é suplantado, no momento seguinte, por outro ainda mais enlouquecedor. Para completar, uma trilha sonora lírica/erudita arrepiante conduz o filme praticamente do início ao fim sendo interrompida somente nos momentos mais splatter, quando o sangue jorra farto, sendo substituída por estridentes e barulhentos petardos heavy metal.
 Nascido em Roma em 1940, Dario Argento---diretor, produtor e roteirista---desde o seu primeiro longa, O Pássaro das Plumas de Crista ( Luccello Dalle Piume Di Cristallo) de 1970 vinha de forma decisiva ajudando a cimentar os cânones do giallo, um dos subgêneros mais ousados, ricos e perturbadores do cinema de horror e que tem a sua origem na literatura italiana policial barata da década de 1940---o equivalente carcamano da norte-americana pulp fiction.
 Embora tenha escrito o seu nome a fundo na "carne" do cinema a golpes de facas, bisturis, machados e outros instrumentos perfuro-cortantes através de uma filmografia aterradora e sangrenta, o amplo domínio das técnicas da sétima arte de Dario Argento o coloca acima de qualquer gênero e o emparelha lado a lado de grandes mestres como Hitchcock, Scorsese, Spielberg, David Fincher e Darren Aronofsky.
 Embora, nos últimos anos, Argento esteja um pouco longe do brilho de seus filmes de antigamente ainda é uma ótima pedida para qualquer fã de filmes de horror que queira injetar classe e inteligência ao seu conhecimento sobre o gênero.
 Po-Po-Por enquanto é-é-é só pe-pe-pessoal!
 Até a próxima!

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